28/12/2010

O USO DO CRACK NA GESTAÇÃO

O uso de drogas lícitas ou ilícitas durante a gestação é, na verdade, um marcador de que algo não está bem com esta mulher e possivelmente com sua família. Idealmente, objetivando o melhor desenvolvimento do bebê e a saúde da mãe, a mulher que planeja uma gestação deveria abster-se de qualquer substância, em qualquer quantidade, que possa causar danos ao feto. O cigarro, o álcool, a maconha, a cocaína (ou o crack), alguns medicamentos, agrotóxicos e muitas outras substâncias químicas podem alterar o desenvolvimento normal do bebê. Os efeitos podem ser observados na gestação, ao nascimento ou a longo prazo, inclusive na vida adulta. O uso do crack por uma gestante na maioria das vezes está associado ao uso das outras drogas lícitas e ilícitas citadas, à doenças como a má nutrição da mãe, à doenças mentais e à infecções, então os efeitos são cumulativos... Além disso, há a violência, a falta de procura por cuidados médicos (em muitos casos, a ausência de recursos), a ausência de estrutura familiar. Tudo isso afeta a saúde da mãe e do feto. A gestante pode apresentar abortamento ou morte fetal, hipertensão, infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral e sangramentos que podem colocar em risco sua vida. Os bebês expostos podem apresentar malformações cerebrais, renais e cardiovasculares, mas o que mais se observa são alterações no exame neurológico e no comportamento do recém-nascido, como irritabilidade excessiva, aumento do tono muscular, dificuldade de consolo, dificuldade de coordenar os ciclos de sono e alerta, dificuldades de sucção e deglutição, além de sinais de stress ou abstinência. Estes últimos vão desde a evitação do olhar, o choro agudo, tremores, soluços excessivos, a crises convulsivas e alterações do ritmo cardíaco. Esses sintomas influenciam na capacidade de comunicação do bebê. São bebês com dificuldade de regulação, e mães muitas vezes com os mesmos sintomas psíquicos, isto é, eles formam uma dupla vulnerável para inúmeros problemas no vínculo mãe-bebê. Então, tanto o efeito direto da droga, como as primeiras relações que o bebê e a mãe estabelecem, influenciam o futuro desta criança. Em geral, os sintomas descritos, muitas vezes sutis, sinalizam problemas escolares, afetivos e familiares no futuro. Em relação à amamentação, esta está totalmente contraindicada se a mãe estiver em uso de cocaína ou crack, pois há risco de alterações neurológicas e cardíacas no bebê, entre outras. O ideal é que a mãe receba tratamento mais precocemente possível. Se o tratamento inicia somente após o nascimento do bebê, e há abstinência certa, a amamentação pode e deve ser liberada, por todos os benefícios potenciais que ela pode trazer para esta dupla, tão frágil. Dra. Gabrielle Bocchese da Cunha
FONTE CRACK NEM PENSAR DO GRUPO RBS

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